o egocêntrico modesto
este é um blog de não memórias. passa-se agora mesmo, não importa quando foi ou é ou será esse agora mesmo. faço o possível para escrever por acaso. eu quero que a frase aconteça. não sei expressar-me por palavras. eu me expresso melhor pelo silêncio. expressar-me por meio de palavras é um desafio. mas não correspondo à altura do desafio. saem pobres palavras.

[ janela indiscreta

todos conhecem as vantagens de morar muitos anos num mesmo lugar. vai-se adquirindo amizades, fortalecendo vínculos, enamorando-se da vizinhança, das praças, das árvores e até dos cachorros. pela intimidade, compra-se na caderneta ou mesmo no velho papo tipo "amanhã eu pago". 
além de solidários, com o tempo os vizinhos tornam-se quase membros da família. entram e saem de nossas casas com a mesma desenvoltura de um parente próximo. o pior de tudo — ou o melhor, conforme o ponto de vista — é quando as meninas que já não são tão crianças começam a trocar idéias com a mesma facilidade com que trocam de roupa. diante de tanta saúde é preciso muito controle para não perder a amizade dos pais delas, que não estão nem aí para o que se passa em torno, ou, outra hipótese, estão mesmo é querendo mostrar-se inteiras, como é natural da idade. ah se elas fossem estranhas! 
imaginem o que seria morar durante toda sua vida num mesmo lugar, como se vê, não nos dá nenhum privilégio, além de ver as vizinhas crescerem, outras envelhecerem, e fazer fiado na padaria ao lado. 
tem outra que esqueci de contar: dá para saber exatamente a hora em que o casal do lado vai para a cama. o silêncio ou o barulho peculiar tornam-se familiares com os muitos anos de convivência.



Filme: Janela Indiscreta (Alfred Hichcock - 1954)
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Bill

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